“Minha casa não tem espelhos”... Rosane Michalski
“Minha casa não tem espelhos”
Lembrei da reportagem de anos atrás que premiou o jornalista que a escreveu. O conteúdo da reportagem tratava do que acontecia no terceiro andar do Hospital Souza Aguiar, no Rio de Janeiro/RJ.
O terceiro andar deste Hospital cuidava de pacientes queimados em elevado nível. Neste andar não tinha espelhos.
Relembrando a reportagem, iniciei nova reflexão sobre a necessidade de espelhos ou não para quem verdadeiramente deseja se enxergar. Claro que é uma linguagem figurada. Não precisamos de espelhos físicos para nos enxergar, basta virar delicadamente para dentro os olhos que enxergam a alma, abrir as portas do coração e iniciar a faxina interior. Depois, olhar novamente, com o interior limpo das mazelas e negatividades. Recomeçar uma nova relação consigo repleta de carinho, amor e se deixar inundar de bons fluidos.
Observe o que acontece. A boca fala do que o coração está cheio. Nos conduzimos de acordo com o que sentimos, porque transborda da alma a forma que admitimos TER a partir do SER.
Entendo que, assim como para os pacientes da ala de queimados grave é quase insuportável visualizar sua condição de dor. Para nós, por vezes, também ficamos chamuscados pelo sofrimento que abate nosso interior e um espelho neste momento é tudo que não queremos.
Então, querido amigo para que espelhos? Se o mais importante enxergar depende tão somente da decisão de encarar a si mesmo e buscar salvar o que de melhor temos dentro de nós?