Um misero “oi”, e já me derramei de... Joana Justto

Um misero “oi”, e já me derramei de amores aos seus pés, um “tudo bem?” sem realmente querer saber se estou bem, e já cai de joelhos implorando para que eu acordasse do meu mais profundo sonho bom, me perguntou em seguida se eu tinha novidade alguma para lhe contar, senti uma vontade enorme de lhe dizer que tinha, tinha o meu mundo para te dizer, tinha meus amores, meu diário, meus sonhos, e pesadelos, tinha minha vida inteira para ti, mas mesmo assim não disse, disse que não tinha nada, e perguntei se você tinha para me contar, você sorriu e disse “também não tenho”, fiquei com um medo enorme, um frio na barriga que me angustiava até a alma, não queria que nossa conversa acabasse, tinha tantas coisas para lhe dizer, tantas perguntas para lhe fazer, tantos sorrisos para te dar, mas por medo e insegurança me calei, prendi oque minha alma clamava para soltar, perguntei se estava namorando, tentei continuar o assunto de uma maneira normal e amigável, e então veio meu choque, minha morte, meu limbo, veio como se eu estivesse dentro de um caixão a anos luz de baixo da terra, me senti sufocada, despedaçada, você me disse que estava, e que estava feliz com ela, que ela era a garota mais incrível que já conhecera, eu chorei mas não deixei que visse, me apavorei sem que você soubesse, e então, guardando meus sentimentos impuros, guardando meu ódio e amor, angustia e tristeza, eu lhe disse, “que bom que está feliz.” e assim me calei, sem saber oque dizer mas com muitas palavras soltas na boca !