OLHAR CEGO Sinceramente espero ainda do... Ezhequiel Queiróz Águia

OLHAR CEGO
Sinceramente espero ainda do futuro
Embora meu passado pouco me ofertou
Até o sonho de poeta que eu tinha
Esvaiu-se quando sol se aquietou.

Era um menino, não como os de hoje em dia
Eu era amante da leitura e da lição
Eu discernia entre pensar e pensamento
Senti o timbre ressoante da paixão.

Como criança, eu amei a professora
Mas nunca quis por ímpeto me aproximar
Amar aluno é diferente de esposo
Se é que ela tinha um tal para o amar.

Cresci e vida deu-me esposa, casa e filhos
Por eles incansavelmente batalhei
Por ser matuto, pouco a vida me deu plumas
Só um diploma, minha mão que calejei.

Vim pra cidade por sonhar com vida nova
E ter um outro trecho novo pra contar
Estive aflito, confinado e em apuros
Não obstante nunca deixei de lutar.

Até que infelizmente o dia virou noite
Me veio a página que eu não procurei
Se por descuido ou por um Divino propósito
Sombriamente, olhar cego me tornei.

Hoje me contam o sistema do País
E as desgraças que o povo veio ter
Não se lamente, meu amigo, eu sou feliz
Se o mundo sofre, eu prefiro nunca ver.