Ela lembrou como ele beijava o pescoço.... Chap
Ela lembrou como ele beijava o pescoço. Lembrou o que ele dizia às terças; antes do bar de sempre. Lembrou daqueles banheiros que rendem, até hoje, belas memórias. No torpedo: ‘Tô com saudade.’ Ele ria e ela via que era de verdade. Era daquelas paixões fortes. Ela dizia ter medo de ficar sozinha e que baratas não mereciam lugar no mundo. Ela lembrou que sentia o maior amor do mundo.
Ele lembrou como ela pedia mais e mais forte. Lembrou o que ela dizia às quintas; aquelas em que ele dava carona pra ela na faculdade. Aquele carro rende, até hoje, histórias quentes de dois corpos que se ama(va)m. No olhar ele deixava claro: ‘Eu poderia ficar aqui pra sempre’. E ela ria; via que era de verdade. Era daquelas paixões que descem e sobem ladeiras. Ele dizia ter medo de acontecer algo se ela continuasse andando nas ruas de maneira tão distraída. Lembrou do quanto poderia ser horrível perder, de qualquer forma, aquela mulher.
Mas a grande verdade é que aquele casal louco lembrou de muitas outras coisas, só que o telefone não tocou. Nem lá. Nem cá. Eles não se falaram. Continuaram infelizes, não sei se para sempre, mas até agora. O não dito está matando aqueles dois que não deixaram pra depois o tal orgulho.
Têm sido tempos horríveis; de alma que sangra e saudade que devasta. E pensar que basta só um deles dizer:
- Oi.