Todos os pontos enfileirados, Um a um... Elizamar Lanoa
Todos os pontos enfileirados,
Um a um foram unidos pelos dedos
Engenhosos de uma criadora que não
Mede esforços para deixar sua marca.
Os linhos de algodão, os botões cobertos
Por um tecido com cores mescladas, um capricho.
Costura bem balizada, o corte bem acentuado,
Sem quaisquer amassados, curvas perfeitas.
Os moldes riscados, bem demarcados, delimitando
A trajetória das linhas de lã,
Nada de roupas engomadas,
Panos rústicos ou de poliéster
Apenas tecidos leves e soltos.
Vestidos de mangas fofas,
Umas saias com cós alto e barras plissadas,
Outras com volume, modelagem godê ou
Estilo tulipas vermelhas.
Nunca dantes ensinaram-lhe
Como manusear uma agulha,
Uma tesoura,
A alinhavar um pedaço de trapo,
Uma meia furada,
A enfiar um pedaço
De linha no fundo da agulha.
Muito menos lhe ensinaram
A manipular uma velha Singer.
Os pés talentosos aprenderam
Sozinhos a pedalar em uma enferrujada
Máquina de ferro, deixada de herança.
Ainda assim, seu célebre ofício aprendera
Com sua própria forma de fazer arte com as mãos.
Num vai e vem de fura e amarra, segue sua linda sina,
Nunca precisara de curso de moda, corte e costura
Ou alfaiataria para fazer selar sua história.