Meu bem, eu sou uma contradição. Eu... Laís Heidemann
Meu bem, eu sou uma contradição.
Eu quero ir para a cidade que nunca dorme e deitar na cama ao lado de uma companhia perfumada e disposta a aturar o que se passa em minha mente. Não há problema nisso, a não ser que você não goste de pessoas que mudam fácil de ideia. Você gosta? Não responda.
Eu tenho uma tremenda cisma com quem não sabe aceitar meus erros. Afinal, sou imprevisível. Sei que é uma péssima desculpa, mas é pura verdade. Nunca fiz algo tentando fazer o certo na perspectiva dos outros. O meu certo pode ser o seu errado, acontece. Mas é por isso que não vejo futuro em uma junção de duas pessoas, sendo que suas ideologias de mundo são diferentes. Muitos vasos, pratos e copos quebrariam até fazerem-se as pazes em gestos não tão cavalheiros e não tão de boa moça. As pazes não são ruins, pelo contrário, porém paciência é uma virtude de poucos, por isso não estou incluída, e é essa desavença que deixaria a casa de cabeça para baixo. Não há concordância em nossas noites juntos. Eu te quero por perto, porém de longe pareces melhor e menos estressado. É como se a versão boa sumisse perto de mim, tirando algumas horas entre paredes que guardam bons segredos nossos.
Apesar de seus bons argumentos, meus olhos te encaram de uma forma, tal qual você se perde no seu falatório e ninguém vence. Porque minha chance passa e eu não me pronuncio. Não sou injusta, como o fato de estarmos aqui frente a frente e eu ter pensado em tudo, menos no pedido de desculpas. Desculpas, pois é um erro meu querer mais teu corpo despido do que andar de mãos dadas em ruas cheias de pessoas, mas instintos não se vencem com argumentos de “você é moça comportada”, você sabe. Não há braços que me segurem firme o suficiente a não ser os teus. Essa é a contradição. Por eu te querer tão perto de uma forma afetiva, e imaginar teu corpo deitado por cima do meu. Você me disse que odeia quando coloco esse lado cético a vista, mas eu o pratico muito para deixar essa minha melhor interpretação escondida, querido. É nesse momento em que você pensa duas vezes para não segurar meus ombros e me chacoalhar como quem tenta por uma pessoa em seu estado são. Deixe-me avisar que eu estou sã e continuo olhando para cama numa forma de te fazer entender o que quero e você insiste em expor os sentimentos em um sábado à noite, quando a única coisa certa para ambos seria gastar nossas energias em coisas mais interessantes. Não pense que é uma forma proveitosa de te entreter e deixar o clichê para amanhã, mas eu simplesmente não gosto disso em sábados.