.. MÃOS PARA TRÁS.. Pode ser que o... HUGO PIRES
.. MÃOS PARA TRÁS..
Pode ser que o título acima tenha ficado um tanto quanto sem sentido, e as reticências indiquem que haja algo escondido entre as palavras expostas (.. "mãos para cima.. "). Mas foi proposital a escolha e a forma do título, assim como foi proposital as reticências com apenas dois pontos, e não três, como formalmente pregado pela Gramática. O leitor pode até discordar desse meu pensamento, mas é que o terceiro ponto se apresenta como a 'vela' do relacionamento, e suspeito que seja, justamente, o ponto do meio..
E nessa toada de suspeitas, apresento as palavras que antecedem e ocupam o lugar dos dois pontos supracitados: "Jovem algemado com MÃOS PARA ATRÁS deu tiro na própria cabeça, diz PM". Essa é a notícia de hoje no Estadão, sobre um fato ocorrido em 14 de setembro de 2013, no interior de São Paulo, que até o presente momento não teve seu deslinde na Justiça.
Note que, talvez a minha imaginação não tenha sido tão fértil ao tentar propagar as reticências sem o ponto do meio (o suposto "vela"), e então respeito o posicionamento do leitor discordante, mas um jovem algemado com as mãos trás, dentro de uma viatura, e, ainda assim, conseguir sacar um revólver e atirar em sua própria cabeça de cima para baixo, é um acontecimento mais insólito e desconexo que o fruto da minha imaginação sem criatividade.
É só a gente pensar hipoteticamente: o ponto do meio é expulso das reticências, então um policial, após uma revista, prende-o e o coloca, desarmado, dentro de uma viatura, algemado, com as mãos para trás. O ponto do meio, ou o "vela", saca de um revólver que até então não portava, levanta os punhos algemados para trás e atira em sua própria cabeça, pondo um ponto final em sua história..
Antes que digam que estou aqui a defender bandidos, ou, supostos bandidos, não, eu não estou aqui a fazer isso. Só não é de admitir que a sentença criminal seja dada fora do âmbito do Poder Judiciário, em um processo que se encerra de forma célere e unilateral dentro das viaturas, nos calabouços escondidos nas ruas escuras da cidade. Seria o mesmo que admitir que as minhas reticências são a forma correta na Língua Portuguesa, esquecendo-se de todo o legado que construímos no decorrer dos anos.
Fora tudo isso, é importante que os fatos se elucidem, afinal, a pegar pelo título desse texto, não faz sentido jogar as palavras ou os acontecimentos sem um liame, sem uma coerência lógica que justifique a sua ocorrência.
E sem a pretensão de querer estar correto, prefiro seguir o lema do jagunço Riobaldo em Grande Sertão Veredas: "Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa."