Permaneço deitado no chão frio,... Pietro Kallef
Permaneço deitado no chão frio, descongelando comidas prontas, bebendo destilados e fumando cigarros baratos. Por que agosto me dilacera? Tenho medo dos sinônimos e das mãos quentes sobre estas nuvens vazias. Há um foco de luz divino sobre o seu rosto na sala de estar que me faz ficar te olhando até a cegueira sair pela porta dos fundos. Seus argumentos soam em tom de acusação, como se quisesse encontrar motivos para justificar a razão da qual ainda estou aqui. A chuva já não acalma a ira do cotidiano e um abraço não resolve o inferno que se instalou entre nós. Não me diga palavras de dicionário, fale apenas o que preciso ouvir e seguir. Talvez eu queira que isso tudo aconteça e assim me libertar das minhas próprias escolhas. Então eu danço e transpiro amor próprio pelos poros e pelos, eu senti outro lábio sobre o meu e foi tão divertido, houve amnésia temporária. Não ando negando que você ficou no passado, pois, o seu cheiro me remete ao presente e creio que os sentimentos se transformam surpreendentemente, porque, já o deixo ir e ser feliz mesmo sem mim.