Ele veio como um flash naquelas... Laís Heidemann
Ele veio como um flash naquelas fotografias espontâneas. Você nem percebe que estava sorrindo, porque ele te cegou. E depois, quando volta a enxergar tudo normalmente, pensa que deveria ter sorrido mais bonito, ou então se escondido. Acho que deveria ter me escondido dele. Porque eu nunca conseguiria sorrir de forma que o fizesse vir atrás de mim implorando um abraço, um beijo, ou amor. Ele não fez nada além de me encontrar e me deixar perder em mim mesma. Sequer soube me explicar o que ele é, e não me deu tempo para desvendá-lo. Ou deu tempo demais. Eu enlouqueci. Fiquei entre a linha tênue de ser o melhor e o pior para ele. Mas talvez nossas exatidões não dão certo. Talvez somos uma anomalia da física porque nossos opostos não se atraem. E eu não sei ser o positivo para combinar com o positivo dele. Não sei me concentrar em qualquer outra coisa que não sejam seus sinais nas costas sendo percorridos por outros dedos, se não os meus. Porque deveria ser eu o esperando deitada na cama depois de um dia cansativo, ou puxando seu cabelo em um daqueles momentos que tiram o fôlego. Não posso com isso. Não há como se acalmar e esperar que em algum momento eu o encontre na rua e ele encare meus olhos dizendo que ainda lembra de mim. Desafiaria meus limites tentar ser paciente, enquanto não aguento um dia sem notícias dos olhos tão escuros quanto a noite. E eu continuo aqui me auto torturando, imaginando quais coxas ele está confundindo com as minhas, porque além de saber que ele é um grande canalha, também sei que ele encontra resquícios meus em qualquer lugar que seus olhos focam. É a unica coisa que me reconforta. Que não sou a única que é torturada pela pessoa que se encontra do outro lado da linha. Eu esperava que ele me salvasse do que eu sou. Mas talvez ele que precisa ser salvo, e espere que eu faça isso.
E eu salvaria. Com uma, duas, ou três palavras. Com apenas um ato. E um pouco sem fôlego.