Eu tentei escrever sobre você... Fernanda Coelho
Eu tentei escrever sobre você anteontem, ontem e tento mais uma vez hoje. Meio sem graça, sem obedecer muito as regras que aprendi na escola sobre gramática, tento apenas transcrever o que não consigo falar. Você foi tudo que eu sonhei e isso vai contra todas as minhas idealizações sobre o amor. Quero e suplico um amor leve. Um amor que você não consegue me dar. Não quero mais sofrer, esperar ligações jamais vindas, mensagens... nada! eu queria você de todas as formas e veja só, você era meu até um tempo atrás, onde foi que você enfiou tudo isso que disse a mim naquela noite? aquela noite que sei que você lembra muito bem. Era só eu e você assistindo a tv, cerca de 02:00 da manhã... sua voz meio rouca rindo de uma piada do entrevistado e eu me senti feliz por aquele momento, meu homem estava se divertindo em minha companhia e sendo ele mesmo sem máscaras. Até que você me despertou da minha imaginação e disse brevemente: preciso falar uma coisa com você, me lembre disso depois - e riu. Eu sem saber o que fazer apenas respondi um sonoro ''OK'' e continuei vendo nosso programa. Acabou a entrevista e como você me conhece muito bem, eu sou curiosa e não demorou muito tempo até que eu perguntasse o que enfim você precisava me contar. Com a voz embargada e cheio de rodeios você disse em russo ''amo você'' mas como você me conhece bem até demais, sabe que não falo russo ou qualquer lingua que não derive do nosso português. E eu pedi, cheguei até a implorar '' diga, eu não entendi... você sabe que não falo russo'' e mais uma vez, agora em português e ótimo tom você disse '' Eu amo você'' e o silêncio ficou no ar. Eu, perplexa sem saber exatamente o que falar, como agir ou pensar. Essa frase era minha, droga! eu que ensaiei inúmeras vezes em dizer isso. Ao final de cada ligação, cada mensagem, cada término de beijo, era o que eu queria dizer deste o primeiro encontro pois sabia que você sim era a pessoa que eu merecia amar. E veio você, com toda sua autoridade, sua voz de 30 e poucos anos dizendo '' eu amo você. A-m-o v-o-c-e'' Isso me pertubou durante dias e infelizmente eu não pude responder a mesma altura naquela noite, você me entende. Seria muito cruel dizer um automático ''eu também'' e foi aí que conversamos mais um pouco e decidimos dormir. A frase não saia da minha cabeça, você não saia de lá, virou seu refúgio, meu coração virou seu lar. E meu telefone tocou mais uma vez dias depois, conversamos, rimos e o assunto novamente se fez. A minha quietude estava lhe deixando louco e eu sabia disso. Foi então que dissestes à mim ''Parece que você não liga, parece que você não sente nada.'' E eu, mais uma vez coloquei meu coração na mira de quaquer ilusão e me pus a frente: Eu te amo. Talvez até mais que as pessoas costumam amar. Te amo de olhos fechados, abertos, nos sonhos e na realidade. Te amo com ousadia, querendo tirar sua roupa toda vez que você me toca. Te amo sentindo sua respiração e querendo morrer assim, sentindo você. Te amo obsessivamente e livremente.