Sempre fui muito... Verônica Zauli
Sempre fui muito atrapalhada,esquecida,relapsa .Era aquela criança que sempre que se levantava para ir ao banheiro esbarrava na mesa de todos os amiguinhos levando ao chão estojos,cadernos e algumas amizades(isso é sério rs). O caderno mais desorganizado sempre foi o meu e com relativa frequência era quase atropelada,acho que isso se deve ao fato de que realmente nunca estava 100% atenta a alguma coisa ou em algum lugar. Meu pai falava que era falta de atenção,minha mãe que era da idade e meus amigos ... Bem esses nunca tiveram coragem de falar nada E entre muitas quedas sem motivos,e mesas empurradas descobri primeiramente na sala de aula uma paixão:observar pessoas;sempre achei incrível a forma com que cada um se relacionava com o outro mas principalmente consigo. Comecei a ver beleza na singularidade e pluralidade que existem dentro de um só ser,e mais do que isso,perceber suas alternâncias é simplesmente incrível, e com essa paixão veio outra:escrever sobre essas pessoas. De início na minha vida sempre fui narradora em segunda pessoa,nunca deixei-me ser tocada por aquelas pessoas que carregavam dentro delas histórias incríveis,apenas observava,anotava mentalmente e caso a memória não me traísse passava para o papel,ahhhhh quantas histórias maravilhosas se perderam na minha mente antes de terem a chance de tomarem vida no papel,e agora você se pergunta:como tens certeza de que eram incríveis se as "esqueceu"? Excelente pergunta, e com ela entro na segunda fase da minha vida: as sensações Eu tenho certeza que eram incríveis histórias pelas simples e deliciosas sensações que deixaram em mim,cada texto meticulosamente planejado e não escrito ,apesar de quase esquecido,deixou-me com marcas de preenchimento e êxtase que nunca vou esquecer,e foi ai que entendi a permissividade de deixar o outro me tocar,marcar-me,as vezes fazer-me sofrer,porque uma vida não é completa sem marcas,meus textos ainda não eram pedaços de mim pelo simples fato de ainda não ter encontrado-me,porque me desculpe a maioria,a busca por si não é solitária,é acompanhada,assistida e participada. E quando dei-me a chance de viver sem medos das quedas,das frustrações que as pessoas nos causam e que são inevitáveis, de ser tocada,deixar minha alma e coração livres,realmente encontrei-me,tanto em mim quanto nos outros e tive a maior certeza da minha vida:Sou apaixonada por pessoas,e quero a cada dia me apaixonar mais por elas,cheias de defeitos,erros ,e quero que esses deixem marcas em mim. E hoje posso afirmar,nenhum texto mais há de se perder,porque ao sentar-me para escrever sou inundada pelas sensações dos momentos que vivi e essas me guiam,e escrevem