Ele chegou, sem ramalhete de flores do... Kauane Mello
Ele chegou, sem ramalhete de flores do campo, mas com um punhado de ameixas fresquinhas. A barba por fazer, a pele morena queimada do sol e os copiosos olhos esverdeados. Entre uma prosa e outra ele me fitava, com um sorriso menino, oscilante, com uma facécia nos lábios, o suficiente para me roubar o riso. As mãos itinerantes viajavam do leste ao oeste da minha cintura. Quando nossas bocas se avizinhavam e o nariz dele roçava o meu, o coração flutuava – devagarinho – feito nuvem. Depois da tempestade, a gente sempre procura um lugar recheado de paz para repousar e no colo dele eu conseguia meditar. Ele me fazia escorregar em afagos, me causava uma clareza absurda e uma convicção infantil. Era como ter quinze anos de novo só que livre das espinhas e com mais sensatez