Olhai a beleza singular das flores... Mariana Magalhães
Olhai a beleza singular
das flores caídas pelo pátio.
Vê que vista primorosa?
Seus galhos, outrora secos,
de súbito fizeram-se flor.
Sucintos golpes de cor
num quadro antes um tanto cinza.
Que encanto!
Na alvorada, quando o sol,
ainda um bocado reservado,
reflete seus raios inaugurais sobre elas:
pétalas rosa-amarelas,
o piso branco da entrada parece se acender.
E que alegria também é ao anoitecer!
Ao subir a rua, na calada destas noites de inverno,
vendo dali de baixo o ipê,
olho o céu e fito a lua em companhia
quase esqueço do vento frio cortando o rosto.
Efeito anestésico da natureza?
Não sei! - respondo a mim mesma -
mas quanta harmonia!
Sento-me no banco sob ela
quase não vejo mais cinza concreto
e, quando a ela conto algo secreto,
sem delongas inicia-se um diálogo:
Desprende-se uma flor do galho
vem de certo no meu ombro.
Tamanha sublimidade!
Como passar desapercebido?
Vê agora a poesia amigo?
A natureza responde!
O universo também.