Embriaguei-me com o teu cheiro e noto... Wilton Lazarotto

Embriaguei-me com o teu cheiro e noto ele a me levar. A me levar a percorrer o teu rosto sereno de curvas leves, mas de traços perfeitos. A percorrer a sutileza do teu olhar, a incompreensão do teu sorrir, a leveza do teu tocar, vejo-a me levando. Fugi, sim, por muito tempo de sentimentos fáceis, ergui uma fortaleza, escondi-me nela. Olhava o céu suspirante sonhando com você, mas tive receio em abrir os portões. Balanço a cabeça submisso ao seu olhar, curvo-me diante do seu sorriso, você é mais do que imaginei, mas sabia que, uma hora ou outra, chegaria. As curvas perigosas que a trariam até mim, as decorei para sua chegada. O terreno tortuoso, deformado, tateei sua textura e o arrumei deixando-o macio para repousar os seus pés. Ao longe nos mais longínquos horizontes plantei demasiadas flores para que sinta os mais variados e inesperados cheiros, e sob tanta variedade espero que diferencie o meu próprio para me encontrar quando quiser. Ao céu olhei esperançoso por tanto tempo, hoje o olho agradecido.