21° ato, take 4 Das conjecturas, e os... Caffèmia, Blasfêmia

21° ato, take 4

Das conjecturas, e os desafios,
e o jeito com que a vida insiste em trombar nossas vidas todas as vezes que penso que não há mais nada.
A sensação incômoda de
"já protagonizei esse filme", que é igual, porém, pior do que "já assisti esse filme", quando a historia está pausada num ponto em que eu ainda tenho chance de mudar o final,
mas sem saber o que fazer.
Talvez um dia ela entenda.
"Eu preciso viver", ela disse.
Nada que já não estivesse no roteiro e eu soubesse de cor. Respirei fundo, engoli seco, foi um soco no estômago ouvir ela repetir a fala que mais me doía. Apesar de tentar disfarçar, ela percebeu e perguntou o porquê, e só pude responder silêncio.
Ela interpreta tão bem sem conhecer o filme, não consegui interromper.
E eu, que prego a liberdade como religião, não posso, em momento algum, impedir alguém de viver.
Por mais que eu saiba que esse "viver" vai levar ela para longe, para um fim sem volta.
Enquanto tudo que eu queria era ter coragem ou razão pra pedir à ela que se abrigasse no meu canto mais clichê.
Deixasse essa tendência de ir embora e seguir roteiros na estante por uns minutos, ou horas, dias..
Mas não sou um espectador qualquer, tenho que ter responsabilidade nos meus atos, pensar muito bem antes de impedir alguém de ter um dia melhor do que o que eu poderia oferecer.
É minha vez de te proteger de mim. Já estava na hora de fazer algo útil.
"Talvez eu seja pequena, lhe cause tanto problema, que já não lhe cabe me cuidar."