Ninguém faz nada só, sempre é... Jean Carlos Bonazoni

Ninguém faz nada só, sempre é necessário mais um. O estudante que dedica suas horas ao próprio aprimoramento intelectual precisou do doutrinador que publicou o livro. O corredor que vive pra bater seus próprios recordes precisou do inventor do cronômetro pra marcar seu tempo. O homem que chegou à iluminação precisou ser guiado pelo iluminado que lhe ensinou o caminho. Simplificando a história, pra você estar aqui experimentando a vida nesse plano, foi necessária a união de dois gametas.
Não se perca levantando a bandeira do UM, do individual absoluto ou de uma suposta liberdade dos laços em prol do próprio crescimento, aqui tudo é DOIS ou mais. Naquela história das "minhas próprias experiências" quantas pessoas cruzaram seu caminho? Ninguém passa sozinho por lugar nenhum. Quanto mais longe se tentar ir sozinho, mais distante se chega de si mesmo, o homem é um animal político. "Cada um faça por si pra merecer o que é seu", disse um sábio, e nem aí se está só, porque alguém precisa avaliar o seu merecimento e lhe dar o que é seu por direito, essa avaliação não lhe cabe, sabendo disso muitas frustrações cessariam, haja vista essa tendência humana de taxar como injusto tudo aquilo que não sai como se quer.
Guardo o devido respeito ao tempo que se deve dedicar a si mesmo, às vezes peregrinando, às vezes simplesmente se recolhendo por algum tempo, mas, pense bem, nem aí se está só, Deus é contigo. O homem não pode tornar-se escravo disso, nem estabelecer prazo como se fosse matemática, a vida é dinâmica, fluídica e acontece enquanto o tempo passa, as oportunidades aparecem e não existem regras taxativas, a hora que se passa nunca mais é revivida.
Aqui absolutamente TUDO é dois, mesmo o tal do amor-próprio demanda o contato com segundos e terceiros, outras experiências, pra se solidificar. A solidão é um estacionamento, "pretensão de quem fica escondido fazendo fita", diria Cazuza