Quando tudo começa, você acaba... Laís Heidemann

Quando tudo começa, você acaba revelando coisas que não diz em qualquer momento. Como muitos que me conhecem, talvez não conheçam tão bem ao ponto de saber que considero um tanto quanto pitoresco ser instigada. Acho que você levou a sério quando falei que gostava disso, já que em momento algum resolveu recuar e me dizer tudo o que eu perguntava, se entregando à minha teimosia. Também acho que esqueci de avisar que não era uma sensação tão boa assim. Brinquei com fogo. Não fui capaz de te desvendar suficiente, e por isso me queimei, e feio. Lamento dizer que você soube me machucar da maneira certa: me arrependendo de gostar tanto de algo perigoso. Talvez você tenha sido fogo demais, ou eu valente de menos. De qualquer forma, agora tanto faz. Um fim previsível veio à tona, embora eu esperasse que tivesse terminado de uma forma menos clichê no meu histórico de decepções. Você foi uma delas, e como se não bastasse isso, me frustrou de uma maneira cruel. Porque saio na rua e o meu vizinho tem o teu nome, meu avô tem o teu nome, aquele garoto que eu acho lindo tem um sinal no rosto bem como o seu, e o colega da minha sala tem mania de dizer coisas que você costumava falar. Tudo isso me remete você, e isso me persegue. Sei que é coisa da minha cabeça, que antes eu não me importaria com isso, o problema é que agora importa, e a chuva lá fora cai da mesma forma que eu caí nos teus braços. A trovoada reflete o vulto de consciência que falava em voz alta, mas não durava por muito tempo. Porque eu gostava de me sentir um pouco desnorteada, meio fora de um estado psíquico normal, achei que isso fosse uma forma de estar em paz. Mas agora essa tormenta me faz perceber o quão errada eu estava, que a calmaria nunca esteve nos meus planos, que meus olhos não foram feitos para encontrar os teus. Eu sempre quis essa relação tempestuosa. E o meu luto é o arco-íris.
Amanhã o sol vem.