Escrevemos a dor, a dor que escondemos.... Isabel Morais Ribeiro...
Escrevemos a dor, a dor que escondemos.
Perdemos e talvez queiramos esquecer.
Sentada ao computador numa noite fria.
Já não sinto os dedos que teimam em escrever.
Estou gelada e triste, é noite lá fora,
a solidão é completa.
Odeio, odeio a noite, ela põe-me doente.
Vagueio pela casa, à procura não sei bem do quê?
Sinto o meu coração a congelar com o frio.
Frio das palavras que escrevo, que não consigo ouvir.
Procuro no meu baú de recordação.
Aquele que fechei a sete chaves algo que me fizesse rir.
E não encontrei nada, nada.
Fiz uma retrospectiva da minha vida.
Não gostei do que senti e vi.
Senti dor e dor,
Mas lá continuei a remexer nas recordações.
Elas são tantas, são um misto de emoções fortes.
Lágrimas, lágrimas de amor e de saudade.
As crianças crescem tão depressa,
Talvez depressa demais.
E eu envelheço como qualquer mortal.
Das lágrimas da saudade, passei para o sorriso rasgado.
Pelos bons momentos, retratados nas fotos.
Na praia com as crianças, nas férias que fizemos.
Dos velhos tempos que deixaram tantas recordações.
Cheguei ao fundo do baú, já vivi tanto,
já chorei tanto, já sorri.
Já abracei, já amei, sou uma vencedora apesar de tudo.
Eu ainda estou aqui, pronta para novas batalhas.
Tranquei novamente o baú de recordações,
Ele vale mais que ouro.
As palavras que eu escrevo, essas levam-nas o vento
As recordações não!.