Comer a qualquer hora, dormir pouco,... Marla de Queiroz
Comer a qualquer hora, dormir pouco, malas que não são desfeitas, afetos espalhados pelo mundo, algumas sensações desorganizadas magoando a minha garganta. Às vezes me perco dentro da própria organização que criei pra mim. E vejo minha vida sendo cronometrada porque vivo o hoje com toda a intensidade que é possível investir em cada segundo do dia. Eu preciso descansar um pouco de dizer coisas para observar meus pensamentos: sinto que as palavras se precipitam sempre. Preciso preservar meus instantes de contemplação, de reflexão. Então essa esquisitice presa nas cordas “vogais” das frases acesas quando o silêncio é remédio. Quando a garganta se fecha, ferida. Quando o corpo reclama mais repouso e desaceleração. Quando o frio se espalha pelos ossos. E, para manter o meu coração aberto, eu te peço: não me cobre demonstrações de amor, deixe-o quieto. Eu preciso resgatar na tranquilidade deste sol interno o meu calor.