A primeira perda machucou, mas eu nem... Andreza Filizzola
A primeira perda machucou, mas eu nem entendia o porquê da partida e para onde se ia. A segunda não só machucou, dilacerou, despedaçou, sangrou e ainda sangra. A terceira veio logo em seguida, abriu ainda mais a ferida, e eu perdi o controle do sangue que, por fim, acabou levando também a esperança. Mas o Rio, o Mar, a trouxe, e com a esperança vieram dias de muito amor. E, depois dos dias de muito amor, mais uma perda. Agora a quarta. A dor já não mais tamanha quanto a segunda, mas, como a terceira, levou consigo a esperança. A esperança, a crença, o sonho. Levou, lavou com lágrimas por fim engolidas. A fé no merecimento pelo que se planta se escondeu, correu, desapareceu, e não é vergonha admitir que ainda não a encontrei, apesar de saber que ela existe. O coração, que há muito tempo vinha andando em linhas bem desenhadas, não acreditou mais que as mesmas linhas o levassem a um lugar seguro. Então, o coração desceu o risco e também se escondeu. Creio que ele está abraçado à fé. Quem sabe, talvez. O que é certo é que a fé, a esperança, a crença na verdade, caminham para a dureza de um coração cheio de perdas. E é dolorido repetir que eu não me envergonho disso. Mas seria ainda mais dolorido ter que perder tudo de novo.