O CORAÇÃO BOM E O CORAÇÃO MOLE Em... Carlos Coléct
O CORAÇÃO BOM E O CORAÇÃO MOLE
Em uma esquina qualquer se esbarram dois Corações. Um tem a face meiga, suave, olhos doces e em uma das mãos carrega flores e na outra um cesto cheio de coisas sem valores. Ama a todos e por amar crê que deve aceitar tudo o que lhe dão de qualquer maneira e assim, faz do seu cesto uma lixeira. Vem sorridente pela esquina, mas ao dobrar, algo me chama a atenção: dele escorrem algumas gotas pelo chão. O outro também tem a face meiga, suave, olhos doces, porém em uma mão tem flores, na outra uma peneira e pendurado ao pescoço um molho de chaves. Mas por que chaves?! Então entendi que são as chaves da sua porta e as dá para quem com ele se importa. E a peneira? É porque ele ama a todos e por amar não aceita tudo de qualquer maneira e por isso passa pelo crivo da peneira. E as flores, reserva à gentileza.
Um diz ao outro:
— “Olá, eu sou o Coração Bom, pois só tenho flores e recebo tudo sem olhar valores!”.
O outro retribui o cumprimento, mas diz:
—“Olá. Não, você não é o Coração Bom, embora pareça, você não é, você é o Coração Mole!”
—“Mole?!”
—“Sim! Derrete-se pelo chão e em pouco tempo estará mergulhado em entulhos por não conseguir dizer “não”. Eu sou o Coração Bom, pois não tenho só flores, tenho também chaves e peneira que me preservam em dignidade e de me tornar uma lixeira.