Não desejo a Tristeza, mas muitas vezes... Carlos Coléct
Não desejo a Tristeza, mas muitas vezes ela é inconveniente, aparece na porta sem ser convidada, principalmente nos dias ensolarados e quentes quando tudo parece em perfeita ordem e então, entre o canto dos pássaros se ouve o ranger da madeira e os passos no chão, é ela que com a chave na mão entra sem permissão. No entanto nem sempre a expulso e nem sempre dela tenho medo, pois sob a face da Tristeza também há beleza e sabedoria, uma sabedoria que às vezes não se encontra sob a face da Alegria. Portanto uma vez que já esteja dentro, cumprimento, dou-lhe o meu respeito e quem sabe até um beijo. Peço-lhe para se assentar e ouço atentamente o que ela tem a me ensinar, porém solicito que seja breve, pois a sua contínua presença adoece. Mas de qualquer forma a Tristeza em sua sabedoria cria, inspira, motiva e no meio da estrada de dores é capaz de fazer crescer um belo canteiro de flores. Então, por que varreria para debaixo do tapete as tristezas da vida quando posso fazer delas o próprio tapete de flores que embeleza o caminho dos meus pés?!