Derretendo Satélites Desta janela... Andre Wade

Derretendo Satélites

Desta janela encoberta de neblina, avisto seus brilhos solares atravessando a rua.
Escondendo-se das luzes ofuscantes, seus passos decididos partiam em rotas inexistentes. Por um
segundo, senti o bater ritmado do seu coração parar. Como se mundo parasse, se o ar faltasse.
Instantaneamente, o universo retrocedeu décadas de evolução. Depois, acelerou tão ferozmente que
estrelas colidiram. Escuridão silenciosa fez em seu breve penar.

Deste labirinto tortuoso a qual descrevo meus dias de exílio, observo, assustado, o correr
natural dos seus dias simples. Como a um terremoto, seus passos se chocam com astros distraídos,
destruindo o pouco de paz existente nos cosmos. Um grito: volte! Minha vida, então, brevemente
misturou-se com a sua. Meus tristes relatos observados com minhas vistas cansadas de esperar a paz
roubada, no instante que colidiu sua rota em meus dias cinzas: os Deuses festejaram a descoberta de
uma nova e brilhante constelação.

Neste quadro abstrato que minhas retinas incansavelmente entorpecem, procuro vestígios
palpáveis para reencontrar seus braços. Eu, vagando entre o real e o imaginário, suspiro a cada sonho.
Contrabandeando sorrisos puros a cristalizar nostalgicamente a vida.

Desta caverna escura a qual observo tudo contra a luz, vejo-te flutuar pelo salão principal,
deslumbrante e bela. Ignorando as luzes ofuscantes, vejo apenas seus olhos brilhando no escuro opaco.
Reluzente luas prateadas em noites de euforia.

Seu sorriso derretia satélites e corações gelados.