Silencio por muitas vezes para conter as... Amanda Agra Azevedo
Silencio por muitas vezes para conter as lágrimas. Então seguro a respiração demoradamente enquanto mentalizo que tudo está bem, mesmo não estando. É uma fuga sim, mas também é uma espécie de mantra pessoal. Ora; se eu não vejo em meu rosto a expressão de dor, talvez um dia eu enfim acredite que não a sinto e tudo se resolva. Vou empurrando com a barriga as frases de revolta, tristeza, ou de sentimentos aleatórios que pendulam aqui dentro como um outdoor iluminado chamando atenção para mim. Acho que eu cansei de falar e cansei de sentir isso. É muito desconfortável respirar pesado, dói os pulmões e consomem a alma. Resolvi juntar tudo e devolver ao remetente, mas não há viabilidade do meu correio interior pra fazer essa entrega. Por fim, juntei todas as dores - fluidas ou não - e guardei em um baú no fundo do meu guarda-roupa coração. Está por transbordar, eu sei. Mas enquanto ele não explode, eu vou sorrindo para o mundo.