Ronda Cósmica Projeto meu pensamento em... Cleto de Assis
Ronda Cósmica
Projeto meu pensamento em linha reta até a cordilheira
(e sei que esta reta, em razão da curvatura da Terra,
se recurva suave, passando pelas altas árvores da floresta,
após um curso exato sobre o paralelo de Capricórnio,
pelo pantanal e também refletindo-se nas águas do Madeira, do Purus, do Juruá
e do Solimões, nomes do grande rio
antes de se encontrarem com o Negro.
Subo as faldas da montanha da montanha ao Oriente
e, em seu ponto culminante, procuro outro claro pensamento,
em cujas janelas de vidro castanho quero ver
a luz provinda de um sol interior.
E embora a reta seja necessariamente curva,
em razão da curvatura do próprio Universo,
ainda é a distância mais curta entre dois pontos:
eis que faço dela um ponto único
concentrado em dois corpos
que podem ocupar um mesmo lugar no espaço e no tempo.
Faço do ponto um momento absoluto de amor
em que teu corpo se funde ao meu.
E navegamos por todas as galáxias
na viagem cósmica de alguns eternos segundos.
Não há tempo, não há hora.
No repouso, minhas mãos
continuam a viagem por teu corpo,
explorando cordilheiras e vales,
enquanto murmúrios de acalanto
chegam aos meus ouvidos,
conduzidos pelos ventos alísios que nascem de altas pressões subtropicais
e de baixas pressões equatoriais.
Tu jazes, quieta, sob o encanto da viagem.
E teu corpo abriga, em gotas de suor,
milhares de estrelas novas,
que, aos poucos, vão se transformando em supernovas,
explodindo na umidade de minhas mãos.
Tu jazes, letárgica,
enfeitiçada pela surpresa sempre renovada do abraço repetido.
Pouco a pouco, teus olhos voltam a se abrir
e é ao redor deles que eu gravito
adivinhando os mistérios da vida e da morte.
Refaz-se a calma da chegada
dessa viagem sem rumo conhecido
qual cometa errante a cumprir derrota divinamente imposta.
Para Teresa