Talvez você me odeie agora. Talvez... Letícia Beppler
Talvez você me odeie agora. Talvez você me ame pra sempre. Não sei... Talvez você nunca tenha sentido nada e eu tenha inventado tudo. Talvez você diga pros seus amigos que jamais pensou em se apaixonar por uma mulher como eu. Quando na verdade, você deseja gritar pra todo mundo que eu sou sua, só sua, e de mais nenhum outro cara no mundo que você julga incapaz de me fazer feliz como você pode. Talvez você goste mesmo das minhas imperfeições e tenha se apaixonado pelos meus erros. Talvez você não resista a minha boca, ao meu olhar ingênuo e ao meu cabelo desajeitado deslizando pelos meus ombros enquanto falo besteiras e dou risada da sua voz. Talvez você até tenha outras garotas. E fale pra elas que também as adora. Mas você sabe mesmo que tudo o que mais queria era só ser adorado dessa maneira real e estranha por mim. E enquanto a maioria dos momentos são completamente transtornados, apenas alguns doces encontros conseguem nos deixar em paz. Você me odeia, eu te adoro. Você chora, eu dou risada. Você mente, eu não acredito. Eu bato, você apanha. Eu falo, você duvida. Eu te odeio, você me ama. E é assim, na maioria das vezes, quando um liga o outro não atende. Porque talvez a gente seja muito mais parecidos do que imaginamos. Talvez a gente seja um castigo na vida um do outro, desses que nos ensinam as lições através da dor. Desses que marcam mais do que qualquer outra coisa. E a gente nem sabe, nem desconfia... Quando eu penso que tudo acabou e tenho a certeza de que não volto atrás, alguma coisinha boba como um vídeo de humor que eu gostaria que você visse insiste em te colocar na minha cabeça de novo. E aí ele ganha. Você ganha. Penso em você outra vez... Mas sou forte, não te chamo, não te procuro, não deixo certas coisas de lado pra me render a essa vontade. Aí é revanche, meu orgulho ganha. Eu ganho. E a gente se perde mais uma vez. Talvez você também esteja pensando em mim e deixando o seu orgulho vencer. E talvez você se sinta um vencedor, mesmo sabendo que nossa felicidade perde. Mas nós dois continuamos jogando um contra o outro. E somos os melhores adversários que alguém já poderia ter visto nesse jogo de amor. Aí, quem sabe, depois de muito tempo, você continue lembrando de mim por essas disputas inesquecíveis. E que nunca ninguém fez você se esforçar tanto, suar tanto, desejar tanto. E talvez você queira correr pra não me deixar encontrar outro adversário à altura. Talvez você queira até me buscar pra comer um hot-dog num calçadão numa noite de domingo. Talvez você continue amando em silêncio absoluto os momentos em que me tinha só para si. Mas o talvez nos pertence agora. E a certeza já nos escapou há algum tempo. O maior problema de tudo isso... é que o talvez é cruel e ameaçador. E a certeza não costuma voltar atrás e nem destrancar a porta!