Segunda, o céu só não está mais belo... Aldo Teixeira
Segunda, o céu só não está mais belo
Pois está atrás das grades.
Prezo, detido por ser livre.
Por ser tão azul e mudar de cor.
Até aqueles gigantes pedaços de algodão foram aprisionados
Por andarem soltos por ai, pra onde o vento tocar.
Eu aqui, na mesa do trabalho dentro das 44 semanais. Olho para essas grades a pensar:
Quem será que prendeu esse céu, que minutos antes de bater o ponto, era tão livre?
Quem ousou trancafiar essas esculturas de algodão, que estavam a correr antes de segunda?
Quem foi o ser que inventou tamanha escravidão?
Se eu tivesse a força dos ventos, arrebentaria essas grades como se fossem barbantes. E perdoaria o "sem coração" que deixou um céu tão belo prezo desta forma.
- Céu, se é que me lê agora, preste atenção. Eles estão te comprando da forma mais barata possível. Eles estão tirando a sua beleza. Eles, eles...
Talvez se o céu soubesse que é um escravo, se rebelaria, chutaria as grades destes portões e pressionaria este ser que o escraviza.
Pena maior, é saber que esse mesmo céu olhará pra mim por entre essas grades e achará que o prisioneiro sou eu.