Ser “Tudo que sei consiste em saber... valdemir henrique policer
Ser
“Tudo que sei consiste em saber que nada sei”: já dizia o filosofo.
Sou insignificante diante da obra.
Tudo é maior que eu.
Sou uma simples partitura da escala musical na orquestra do universo.
Sou uma simples clave de sol no prisma das cores que se decompõe em arco-íris.
Sou um grão de areia em meio às dunas da vida carregado ao bel prazer do vento impetuoso.
Sou o átomo de uma gota que compõe o colossal oceano que me dilui em sua indomável força.
Sou um fecho de luz tênue e tímido a entrar pela fresta duma janela de um cômodo escuro.
Sou a argila entregue passivo e confiante nas mãos do oleiro que me molda a seu gosto particular.
Não tenho nada em mim mesmo do que me engrandecer.
Sou pó da estrada que se levanta com o tropel ruminoso dos transeuntes da vida a cumprirem sua marcha rumo ao eterno.
Sou a menor peça entre as que compõem a engrenagem intrigante da existência.
Sou poeira das estrelas.
Sou resquício de um criador onisciente que por algum indelével e inefável motivo me deu, sem eu ter merecimento algum, o presente da vida.