Observei tudo que estava fora de mim e... Pietro Kallef
Observei tudo que estava fora de mim e chorei lágrimas de desespero, nunca foi tão cruel ver o tempo brincar de corrida. Confesso que amei, acreditando que o "pra sempre" fosse certo e não foi. Dói ver você e suas convicções se distanciando do passado que insiste em ser meu presente. Queria entrar dentro da sua cabeça e poder arrancar verdades antes nunca ditas, sentimentos ocultos e fazer a sua opinião sobre "nós" mudar. Não te culpo, nem quero vingança, mas você foi omisso, porque deixou que certas coisas tomassem meu coração e sei que definitivamente isso não importa mais, afinal nunca importou. Fui estúpido o suficiente para fechar meus olhos enquanto te beijava, pois, os teus estavam bem abertos e lúcidos. A aventura singular que decretou, construiu uma barreira pro novo e inesperado, agora vivo dentro de estações de rádio, minha voz é dispersa a um turbilhão de chiados e encontrar aquilo que me faz sorrir é uma dificuldade só. Já me humilhei bastante para entender que o desejo é um prisioneiro que jamais verá a luz do sol e que não adianta fazer promessas de que "essa vai ser a última vez" porque não vai ser, ainda estou tentando. Podem me chamar de louco, falar que gosto de sofrer e que não me amo, pois, é tudo verdade, não escondo, aliás, chega de me esconder. Lembrar o gosto do seu doce predileto, sentar à mesa na cadeira que chamava de sua, sentir o cheiro mórbido das margaridas de manhã, tomar a marca do leite que bebia, torrar pão com manteiga e mel e ouvir John Mayer foi tudo que me deixou de concreto. Ante o exposto me exponho perante eu mesmo, sem medo de carregar o que de bom tive de você e assim levo adiante uma esperança de viver um restinho do tempo que me foi dado, sem grandes expectativas, porque, não sei o que quero, mas aprendi a saber o que eu não quero e então decidi: não quero mais você.