Quanto menos as pessoas sabem, mais elas... Riva Almeida
Quanto menos as pessoas sabem, mais elas teimam que sabem.
A pessoa inteligente hesita, pondera, vacila. A pouco inteligente nunca vacila, nunca hesita. Quando o sábio sussurra, o tolo simplesmente anuncia aos quatro ventos.
“A verdade” é só um jeito de falar. Não existe nada que tenha o rótulo de “verdade” e que um dia você descobrirá, abrirá a caixa e verá o conteúdo, dizendo: “Maravilha! Descobri a verdade!” Essa caixa não existe. Sua existência é a verdade e, quando você está silencioso, está na verdade. E se o silêncio for absoluto, então você é a verdade suprema.
Mas não pense na verdade como um objeto. Ela não está lá, está aqui. Nunca existiu uma pessoa como você antes, não existe ninguém neste mundo como você agora e nem nunca existirá. Veja só o respeito que a vida tem por você. Você é uma obra de arte — impossível de repetir, incomparável, absolutamente única.
Cada dia traz seus próprios problemas e desafios. Cada momento traz suas próprias perguntas. E se você tem respostas prontas na cabeça, sequer será capaz de ouvir as perguntas. Estará tão cheio de respostas que será incapaz de ouvir. Você não estará acessível.
Muitos dos nossos problemas — talvez a maioria deles — existem porque nunca olhamos para eles de frente, nunca os enfrentamos. Ficar com medo deles, não olhar para eles e viver tentando evitá-los só serve para lhes dar mais força. Assim, você está aceitando que eles são reais. A sua aceitação é a existência deles. Sem a sua aceitação, eles não existiriam.
Pare de se julgar. Em vez disso, comece a se aceitar com todas as suas imperfeições, suas fragilidades, seus erros e seus fracassos. Não queira ser perfeito. Isso seria, simplesmente, querer o impossível e, assim, você ficaria frustrado. Afinal, você é um ser humano.
Não se preocupe com a perfeição. Substitua a palavra “perfeição” por “totalidade”. Não pense que você tem que ser perfeito, pense que tem que ser total. A totalidade dá a você uma dimensão diferente. Existe uma enorme diferença entre perfeição e totalidade. A perfeição é uma meta a atingir no futuro, a totalidade é uma experiência no aqui e agora. A totalidade não é uma meta, é um estilo de vida.
A maior calamidade que pode acontecer a uma pessoa é ela ficar séria e prática demais. Um pouquinho de loucura e de excentricidade só faz bem.
A existência não é um problema que precisa ser solucionado, é um mistério a ser vivido. E você precisa estar perfeitamente consciente da diferença que existe entre um mistério e um problema. O problema é algo criado pela mente. O mistério é algo que simplesmente existe, não foi criado pela mente. O problema tem algo de feio, como uma doença. O mistério é belíssimo. Com o problema, imediatamente surge a luta. Você tem que resolvê-lo. E algo errado, você tem que consertá-lo. Algo está faltando, você tem que providenciar o elo que falta. Com o mistério, nada disso é necessário.
A Lua aparece à noite… Isso não é um problema, é um mistério. Você tem que conviver com ele. Você tem que dançar com ele, tem que cantar com ele ou pode, simplesmente, ficar em silêncio com ele. Algo de misterioso envolve você.
Você continua sonhando, imaginando coisas bonitas para os dias que virão, para o futuro. E nos momentos em que o perigo é iminente, então percebe de repente que pode ser que não haja futuro algum, amanhã algum e que este é o único momento que tem. Os tempos de desastre são extremamente reveladores. Eles não trazem nada de novo para o mundo — simplesmente fazem com que você fique consciente do mundo como ele é. Eles o despertam. Se você não entender isso, pode enlouquecer. Se entender, pode ser que você desperte.
Arrisque tudo, pois o momento seguinte não é uma certeza. Então, por que se importar com ele? Por que se preocupar? Viva com prazer. Viva sem medo, viva sem culpa. Viva sem nenhum medo do inferno ou sem ansiar o céu. Simplesmente viva.