TEMPO VI Tempo, como és cruel. Me... Marcos Marques

TEMPO VI
Tempo, como és cruel.
Me consome como cupim,
molhas me como garoa,
entrava-me como ferrugem,
enfraquece-me como traça.
É o tempo do môfo,
da bengala que apoia o corpo,
da lucidez imperfeita,
da visão insegura,
memória corroída.
Mas se for pra ser assim,
tempo, dá-te então um fim,
e leve também a mim.