"Gostaria de poder abraçar-te até... Obra: Song of Souls by...
"Gostaria de poder abraçar-te até morrermos os dois! -
prosseguiu ela, amargamente. - Não importa o que sofresses. Não me preocupo com os teus sofrimentos! Por que não hás-de tu sofrer, se eu sofro tanto! Será que me vais esquecer? E ficares muito contente quando eu estiver debaixo da terra? E, daqui a vinte anos, dirás junto à minha sepultura: - Aqui jaz a Catherine Earnshaw. Amei-a há muitos anos e perdê-la dilacerou-me o coração; mas tudo isso são coisas do passado.Depois dela, já amei outras mulheres... os meus filhos são-me mais caros do que ela foi, e, quando morrer, não me sentirei feliz por ir para junto dela; muito pelo contrário, lamentar-me-ei por abandonar os meus: filhos. Não será assim Heathcliff?
- Não me tortures até eu ficar tão louco como tu! - gritou ele, libertando-se, e rangendo os dentes de raiva.
Para um espectador imparcial, formavam os dois um quadro :, bizarro e assustador. Catherine bem podia acreditar que o céu seria a sua pátria de exílio, mas só se ao perder o corpo ela perdesse também o caráter. O seu rosto empalidecido tinha agora um ar selvagem e vingativo, com os lábios descorados e os olhos cintilantes. Mantinha a mão fechada e, por entre os dedos, espreitavam as madeixas de cabelo que ela lhe tinha arrancado. Quanto ao companheiro, e enquanto se levantava com a ajuda de uma mão, com a outra agarrava-a por um braço. A falta de consideração pelo estado em que ela se encontrava era tanta que, quando a largou, pude ver quatro marcas vermelhas na sua pele esmaecida."
Emily Brontë In: O Morro dos Ventos Uivantes