Falando de Sentimentos e Caixinhas... Em... Gracia Monte Barradas
Falando de Sentimentos e Caixinhas...
Em gavetas escondidas e caixinhas de segredos guardei meus tesouros.
Eram sentimentos de amor, afetos ou de mágoas.
Ali guardei o carinho do pai, o amor da mãe,
O despertar do amor platônico da pre-adolescencia, o primeiro namorado...O primeiro amor. Delicado e bem guardado , lembranças e cartinhas guardo com mimo e carinho. Tenho saudades daquela menina da roça, puríssima e assustada que fui, meiga e apaixonada....Tudo que é primeiro marca nossas vidas e se não seguem, vem para esta caixinha de tesouro.
Eu escondo e guardo não somente as certezas, mas as incertezas, as minhas incertezas..minhas inseguranças. Agora , no outono de minha vida descobri quantas coisas não vivi..
Já sem a vivacidade do verão, vivo o momento de um inverno interno.
Olho com ternura o sentimento de amor... creia, foi de amor...tão doce, tão sonhador...tão encantador...e amor não tem idade, não tem tempo, acontece...
Adolescente em flor madura fui traída e atraída por sua doçura.
De repente vi algo...com lagrimas nos olhos percebi que ainda era uma menina...
Ora... uma menina pura de mais de cinquenta....
Uma menina que sonhava melancolicamente com o que não estava lá...palpável... eram sonhos... sonhos somentes meus... e o que mais doeu nesta menina é que apesar de seus valores, ela ...não era...Ninguém...
E quem ama Ninguem? Para sempre ficara a dúvida se em algum momento alguém amou Ninguem...E por nascer apaixonada, qualquer brincadeira é , no fundo , verdadeira .
Agora, não mais tão pura, falou minha voz interior: ‘tu te encontraste na perfeição da pessoa imperfeita e enxergou o mundo...”
Afortunado momento em que simpatia e atenção foi teu templo e tuas mãos em harmonia, se amaram, ao menos por um momento.