Por dias jurei não me entregar a mais... Laís Heidemann
Por dias jurei não me entregar a mais ninguém, antes de me sentir totalmente renovada. Mas aí você veio como quem não espera nada mais que uns beijos, e conseguiu de cara meus suspiros. Eu sempre desconfiei de garotos com sorriso de malandro e barba mal feita, mas você ainda tinha olhos verdes e lábios lindos, e aí ficou difícil me concentrar no “Não, ele não presta” que ecoava insistentemente na minha cabeça. Eu sabia que você não prestava, - e continua não prestando - mas eu estava disposta a ser corajosa e enrolar seus cabelos ao redor de meus dedos, percorrendo minhas mãos por todo o seu corpo. Foi engraçado me entrelaçar nos seus braços e esquecer que aquilo era um sábado em que eu passava sóbria, imaginando outras garotas em seus saltos altos, enchendo seus sangues de álcool para esquecer de quando, por tais veias, já se pulsaram litros de sangue mais limpos, por culpa de toques de seus respectivos garotos-encrencas. És um deles, só que além de toques, até teus olhares provocavam contrações ventriculares prematuras em meu coração. Sabias que em algum momento aquele beijo tiraria todo o ar do meu pulmão, mostrando o lado bom de você me trazer todo ele de volta. E você me perguntava o motivo de eu querer te beijar deitada, não sabendo do chão que sumia sob meus pés quando suas iris encontravam as minhas, enquanto meu corpo recebia a notícia de que o bpm aumentava a cada instante, confundindo a sensação de calmaria que sua voz trazia para meus pensamentos. Você me instigou desde o início, e naquela época nem sabia como eu adorava tentar desvendar toda a história que uma pessoa carrega por baixo de sua pele. O vício de acomodar minhas mãos em teus ombros era perceptível. Meus dedos dedilhavam sua pele, como quem deseja gravar pra sempre algo tão bonito como as constelações que eu imaginava em suas costas, uma estrela para cada sinal tão perfeitamente alinhado no teu tom quase moreno. E degustaste do sabor de meus sorrisos, da minha doçura, minha amargura, e da minha alma. Você fez seu caminho em mim, e o chamou de felicidade. Dizia repetidamente “a felicidade está em ti, garota.”, enquanto eu te olhava sério, imaginando em que momento eu pude acreditar que havia outro modo de ser feliz. Não, não havia. Eu sempre soube. Era por isso que dávamos certo. Eu gostava de você, você gostava de mim. Éramos um ser só. Éramos eternos.