Dor... quem já não a sentiu? Ela vem,... Rosangela Calza
Dor... quem já não a sentiu? Ela vem, é inevitável.
Ela aparece quando você espera, quando menos espera... quando não espera.
Chega devagarinho ou como uma tempestade... simplesmente chega.
Invade sua alma (pior) sem pedir licença, se apossa de todos os seus momentos.
Você suplica que ela vá embora... e ela surda toma conta de todos os cantos.
Transforma-o em caquinhos, às vezes tão minúsculos que você tem a impressão de que jamais poderá juntá-los.
O tempo passa e você nota que tem de continuar... e continua de qualquer jeito... cola aquilo em que você se transformou... porque em pedaços fica muito difícil continuar... você precisa estar inteiro.
Inteiro... de qualquer jeito, mas inteiro.
Por ser de qualquer jeito, alguma coisa não se encaixa, ou fica fora de lugar, ou fica faltando... (na pressa, você esqueceu algo por aí, em algum momento).
Como não quer lembrar de onde deixou... não volta.
E lá vai você... com as cicatrizes fazendo-o lembrar continuamente.
Eu e a dor
Sei que vem... não me importo que venha.
Pode vir... vivo-a, sinto-a, aceito-a.
Ela me derruba, me arrasa, me sufoca, me estraçalha... me transforma em pó.
E eu deixo...
Espero um pouquinho (ou um pouco mais... depende do dia, depende da dor).
Daí começo... lentamente... devagarinho... bem devagarinho... a colocar tudo no lugar.
Vou juntando, vou moldando (virei pó, remember?).
Tudo calmamente, com doçura... tranquilamente.
E o tempo passando... e eu me moldando.
Sem cicatrizes... estou diferente, mas sem cicatrizes... simplesmente eu mesma.
A mesma que era antes da dor, diferente da que era antes da dor.
Sigo adiante... pronta pra outras dores...
Ah! E já percebi que às vezes a felicidade é tão grande que dói também.