Solidão compartilhada Mais uma noite em... Victoria Seghetto

Solidão compartilhada

Mais uma noite em claro, a cidade já dormiu e eu não consigo. Mas dessa vez o que me tira o sono não é a solidão, e sim o fato de não estar sozinha.
Acho que por ter sempre vivido tão só, mesmo cercada de pessoas que me amam, aprendi a me virar sozinha. Aprendi a carregar as
angústias, os medos, as frustrações em silêncio. Guardei por anos tanta tristeza e sofrimento no peito que me tornei uma pessoa cheia de vazios.
Mas agora é diferente, pela primeira vez em anos alguém se importou com a minha dor. Alguém não só falou, mas também agiu por mim. E, meu Deus, como é estranho ser realmente importante pra alguém. Logo eu, que vivo me fingindo de durona, não relutei em dividir o peso das minhas costas com outra pessoa.
Ainda que continue doloroso e pesado o fardo de se sentir só, desprotegida, desesperada... agora vivo uma solidão compartilhada.