Tropecei feio. Esfolei o coração,... Kauane Mello
Tropecei feio. Esfolei o coração, rasguei a alma e fiquei sem um risquinho de força. Pensei em desistir, achei que a felicidade não estava no meu destino e que a minha sina era morrer sozinha, sem nenhum sonho realizado, sem nenhuma história bonita para contar. Tentei me esconder do mundo, joguei no lixo a esperança que sobrou e os planos que guardava na gaveta. Foram duas semanas e três dias mergulhada em mágoas, deitada em um lençol encharcado de lágrimas calejadas, com um coração gritando de dor. Já não suportava tanta angústia, eu morreria de tristeza se naquela manhã o sol não me beijasse a face, se o azul do céu não me revelasse o quanto eu estava perdendo, se a menina do prédio ao lado não desenhasse com os dedos um coração singelo e se o carteiro não deixasse debaixo da porta aquela frase que me fez renascer, querer viver e colocar a felicidade no porvir: Menina, a cana só dá açúcar depois de passar por grandes apertos.