Olhos Cor do Céu CAPÍTULO 8: Quando... Sabrina Niehues
Olhos Cor do Céu
CAPÍTULO 8:
Quando acabou a aula, todos saíram rápido, como sempre. Menos Gabriel e eu, claro. E ,mais uma vez, ele veio até mim.
- Então, você costuma dormir á que horas?
- Depende. Mas costuma ser entre às uma e meia e as duas da manhã.
- E faz o que até essa hora?
- Internet, livros, músicas, poesias...
- Poesias?
- Ah, droga. Esqueça disso.
- Não, não. Você disse que faz poesias? Você escreve?
- Hum... É. Não sou boa, apenas gosto de escrever, então...
- Cara, você é demais. Sério.
- Ah, valeu.
Nós estávamos já em frente às nossas casas. Eu ia me despedir quando ele perguntou:
- Você tem facebook?
- Aham.
- E qual é o seu sobrenome?
- Findemberg.
- Amanda Findemberg. Vou procurar você no facebook agora. Você vai entrar?
- Bom, já que tenho um propósito, sim.
- Legal. Até daqui a pouco então, Findemberg.
- Até.
Entrei em casa. Fui para a internet. Cerca de dois minutos depois, um pedido de amizade. Era dele. Gabriel Alvarez. Aceitei. Ele logo me chamou no bate-papo.
- Oi.
- Oi.
- Achei você.
- É, acho que sim.
- Então, Amanda, onde você deixa suas poesias?
- Eu salvo elas num site que tenho. Ninguém além de mim e da Andi sabem da existência dessas poesias.
- Legal. Será que você pode me enviar o link?
- Ah, não me peça isso.
- Que tal então nós trocarmos links? Eu ainda não disse, mas eu também tenho um site de poesias.
- Não brinca. Sério? Então passa aí.
- Passa o seu primeiro.
- Vamos passar juntos. Vou enviar agora, o.k.?
- O.k. Já.
Nós trocamos os links. Li as poesias dele. Incríveis. E como eu queria ser as garotas para quem ele deve ter escrito essas maravilhas. Então comentei:
- Você parece ter sofrido muito na mão de algumas garotas. Ou será apenas mentiras de poetas?
- Pra ser sincero, é mais a segunda opção.
- Sério? Nenhuma fala dos teus sentimentos?
- Apenas uma. Que eu me referi ao meu pai.
- Acho que sei qual é. Parece doloroso. Você o perdeu?
- Sim. Leucemia.
- Lamento muito.
- Não lamente. É a vida, não é?
- É. Mas às vezes a vida é injusta. E algumas vezes só o que podemos fazer é lamentar.
- É. Falou a poeta. Você também parece ter sofrido bastante. Ou será apenas mentiras de poeta?
- É mais a primeira opção. Raras vezes a segunda.
- Uau. Isso significa que vou conhecer bastante sobre você aqui, certo?
- É, acho que sim. Já eu não sei muita coisa sobre você.
- Você sabe algo que muitas pessoas não sabem. Esse assunto, meu pai, eu não falo muito sobre. Nem com a minha mãe. Eu não cheguei a conhecer ele, sabe.
- Sério?
- É. Duas semanas depois do enterro de meu pai, minha mãe descobriu que seria mãe. Ele se foi sem se quer saber que seria pai.
- É realmente uma história... triste. Imagino que deva ser difícil para você.
- Na verdade não. Saudades eu não posso dizer que sinto, pois não o conheci. Eu apenas fico pensando como seria ter um pai presente. Ou mesmo como seria ter um pai... Mas vamos mudar de assunto, por favor. Então, foram um ou mais caras para quem você fez essas poesias?
- Foram cerca de uns 3 ou 4.
- É. Não é muito para uma poeta. Isso significa que quando você se apaixona, seus sentimentos duram bastante tempo, certo? Ou você muito tempo sem se apaixonar?
- Na verdade as duas opções. Quando eu gosto de alguém, gosto mesmo. E um sentimento verdadeiro demora para sumir do dia pra noite. Então levo um certo tempo para esquecer. E depois mais um tempo até aparecer outro alguém... Mas eu também não quero falar sobre isso...
Nós dois ficamos até tarde conversando sobre poesias e livros. A noite passou serena e tranquilamente enquanto eu me apaixonava mais.