Eu não me dou bem com nada, sabe? E... Amanda Costa
Eu não me dou bem com nada, sabe? E quando eu digo nada, é nada mesmo. Não sei lidar com partidas, mentiras, comigo mesma. É complicado demais. Primeiro que todo mundo entra na minha vida e vai embora, eu já devia estar acostumada mas não dá. Não dá porque... Porque sim! Ora, ninguém nunca está preparado pra perder alguém! Mentiras também são um dos meus demônios, porque eu minto demais pra mim e todo o resto das pessoas, também. É difícil. Me entenda: você cria um mundo inteiro, sua vida, em cima de uma base instável mas que, para você, parece firme, tão firme quanto o Everest e, quando você menos espera, tudo aquilo que você levou dias, meses, anos pra construir é levado ao chão em segundos... Isso acontece sempre comigo. Eu aprendi a conviver com isso. Mas o pior é ter que lidar comigo mesma. Livros de autoajuda, psicólogos, psiquiatras não ajudam em nada. Só me fazem ter mais dúvidas. Você acha que as duas guerras mundiais foram grandes e devastadoras porque não conhece a que vive em mim. A primeira e a segunda guerra tiveram fim, e a minha? Ela tá aí desde sempre. E não teve fim. Todo dia é um conflito diferente. Você pode ser a pessoa mais solitária do mundo mas pelo menos tem a você mesmo. E quanto a mim? Além de não ter ninguém, eu não tenho a mim mesma, eu sou meu pior inimigo. Todo mundo me machuca, o.k. Mas eu faço um estrago bem maior porque, afinal, eu sei de todos meus medos, de cada ponto fraco meu e eu sei atingi-los de uma vez só. É por isso que eu me isolo, sabe? Sozinha eu me entendo, me arrumo, me conserto. Apesar dos apesares. Quer dizer, até quando todo mundo vai embora, eu continuo lá, me fazendo companhia. Eu não me dou muito bem comigo mas fazer o quê? Eu só tenho a mim, mesmo não me tendo.