O Cobrador ( Deus é Gracioso) Que... Rodrigo Lima Siqueira
O Cobrador ( Deus é Gracioso)
Que perca-se a pureza, então
Que perca-se a graça, a alegria
Perdoe-me, não sei viver em vão
E não me peça pra não fazer poesia
Em raras vezes nessa vida desgastante
A gente consegue um dia encontrar
Alguém que te acolha, que você descanse
Alguém que combine contigo, um par.
Alguém que te dê muito de si próprio
Mas que nada de ti vem cobrar
Dia desses encontrei alguém assim
Capaz de olhar, de cuidar de mim
Eu, jovem pobre poeta sonhador
Dei, quase tudo de mim sem medo
Compartilhamos um milhão de segredos
Mas não me lembro de ter cobrado amor.
Claro que não, eu não cobraria
Doar sim, é provável que eu doaria
Mas não espero troca não senhor
Amor não é câmbio, é talvez doação
É aconchego, segurança é dar as mãos
E quando foi que eu cobrei amor?
Eu sou o mesmo e você é também
Um beijo ou dois não muda mesmo ninguém
Aquilo já existia, não simplesmente criou
E existe e persiste, vai continuar existindo
Não tenho pressa em esquecer teu sorriso lindo
Mas não, eu não te cobrei amor.
Eu quis dar-te o meu, assim, de bandeja
Como amigo, um estranho, o quer que seja
Mas aquilo que viu é tudo que eu sou
Eu sou isso mesmo, pessoa boba, discreta
Que sente, que sofre, que grita (Poeta)
Mas eu não conseguiria cobrar amor.
Que perca-se a pureza, então
Que perca-se a graça, a alegria
Perdoe-me, não sei viver em vão
E não me peça pra não fazer poesia