SORRIA PALHAÇO, SÓ RIA! Viche... Mário Silveira
SORRIA PALHAÇO, SÓ RIA!
Viche Palhaço,
a maquiagem borrou num respingo de lágrima.
Hoje a dor transcendeu o banco do camarim,
O que houve, Palhaço?
Viche Palhaço,
As cores vivas que lhe vestem hoje
desaparecem perante a alma mendiga.
Hoje suas tintas dão-lhe outra cor
Que cor é essa, Palhaço, que dor?
Viche Palhaço,
Você, tão feito de sonhos
Parece imerso no avesso do riso.
Que rio é esse, Palhaço, que não lhe riu?
Viche Palhaço,
Seu nariz vermelho tá torto,
sua tinta desbotada quão folha a secar.
Que cara é essa Palhaço, de noite escura?
Que você tem, Palhaço?
E o que não tem?
Suas lágrimas sangram hoje não só por dentro.
Ê, meu Palhaço, o circo lotado não lhe preenche os vazios.
Ô, meu Palhaço, o riso desgastado lhe parece cansar os músculos da face...
Ah, meu querido Palhaço, quem, por trás da cortina entre palco e real roubou se astral?
Foi o dia? Foi a lua?
Ele hoje é seu. Ela hoje é sua.
Se ajeite Palhaço.
Sorria. Só ria!
Daqui a pouco as cortinas se abre e o show recomeça.
Daqui a pouco a pipoca pulada, as tantas risadas, os pais, os filhos, a rua, chegam todos pra lhe ver.
Pra rir de você,
pra rir com você.
Levanta Palhaço, ainda que a dor lhe aborreça,
a esperança adoeça e angústia lhe pare, não esqueça;
a vida ainda continua.