Temos o direito de falar tudo que... Agustin Olim

Temos o direito de falar tudo que pensamos para o outro? Falar tudo que pensamos é ser honestos e sinceros? Ser sincero nos dá o direito de dizer tudo que pensamos?

Quantas vezes escutamos ou dizemos a seguinte frase "Me desculpe mas eu sou (ou estou sendo) muito franco" sempre seguido de um comentário que geralmente deprecia ou ofende as pessoas sobre vários aspecto e formas.

Tomemos cuidado para observar se quando falamos aos outros aquilo que nos aborrecem estamos falando das frustrações, mágoas e irritabilidade que nossos semelhantes podem produzir em nós.

As reações são sempre proporcionais àquilo que esperamos dos outros, quanto mais expectativas criamos e esperamos nos outros, reagiremos dizemos coisas em nome da franqueza.

Isso também se dá em termos gerais no coletivo, nos processos das comunicações, há pessoas que só tem interesse em mostrar e defender como são perspicazes, brilhantes e de suma importância para o grupo, só querem ensinar e não aprender, acham que agindo assim despertam admiração, sendo o contrário, indica desrespeito moral e descaso, sem falar da falta de educação diante de todos.

Qual a pessoa que gosta de se aproximar de alguém cujo objetivo principal é a autopromoção constante? Quem atura discursos intermináveis baseados num narcisismo oco?

Precisamos ter extremo cuidado com as palavras, pois elas atingem positivamente ou negativamente os envolvidos na comunicação e é de suma importância que a recepção seja clara e objetiva e que se tenha o cuidado de verificar se a informação chegou de forma correta e de modo construtivo.

Talvez a palavra que utilizamos como “franqueza” seja usada de modo inadequada, quando o resultado maltratam as pessoas e criam tormentos mentais.

Será que em nome da franqueza extrapolamos o limite do razoável nos colocando numa posição de intolerância, dando a abertura para uma influenciação negativa sobre o estado de espírito de cada um.

Todas as pessoas têm obrigação de ouvir aquilo que você acha que têm que dizer.

A tal franqueza é, muitas vezes, utilizada para disfarçar uma real situação e que sempre as pessoas que dizem agem grosseiramente, não querendo admitir que são indelicadas, justificando-se dizendo serem francas e falarem sempre a verdade.

Há ainda aqueles que usam a pseudo-franqueza para humilhar os demais e utilizam essa desculpa para apontar os erros e menosprezar os outros, demonstrando na verdade uma falta de compreensão e caridade no relacionamento social e moral.

Não quero dizer aqui, que não devamos falar a verdade ou expor as nossas opiniões, mas precisa primeiro ter um canal aberto desta reciprocidade, as pessoas estarem abertas e em busca de sua construção interior e de aceitação, estarem prontas, afinal quem de nós possui a verdade absoluta.

Mas se realmente consideramos uma pessoa amiga e temos por ela tem apreço e carinho, encontraremos a melhor forma de auxiliar através de exemplos e em silêncio, com respeito, caridade e ternura.

Já se for pra elogiar, que isso seja feito aos quatro ventos e diga pra todos as qualidades desta pessoa. Isso sim é uma atitude digna e respeitosa e não se travestir da franqueza para diminuir e humilhar quem está ao nosso lado.

Lembre-se que a verdadeira sinceridade é pautada em Deus nas palavras trazidas pelo nosso Mestre Jesus Cristo. E quando guardamos as palavras do Cristo a nossa boca sempre reproduzira um elogio que soa melhor do que uma crítica ácida e maldosa.