Aí você me pergunta, como você pode... Ana Paula Pontes
Aí você me pergunta, como você pode ser assim? eu sorrio e pergunto, assim como? como se já não soubesse o que ele me perguntaria naquela noite fria de segunda, ele responde: assim fria, distante, eu o fito nos olhos, com a malicia de quem quer fugir da pergunta e depois de um tempo eu respondo, como eu posso saber? talvez eu seja insensível e nunca me apaixone ou eu me apaixone tanto ao ponto de querer te deixar livre pra vir até mim quando quiser...
Te noto confuso, inseguro, com medo, daí você faz aquela cara de é agora ou nunca, dá aquele suspiro profundo e em mais uma tentativa frustrada de saber o que eu sinto, me pergunta, então me diz, o que você sente por mim?
Daí dou aquele sorriso, por hora tentando não ser cínica, para que ele não sinta que estou de deboche, respondo como quem não quer nada, mas querendo confundir mesmo, porque as pessoas gostam disso, daquilo que perturba, que atordoa, ai eu falo meu amor gosto tanto de você quanto dos meus livros, é a tua boca que me leva a mundos imaginários e desconhecidos, é o teu cheiro que eu levo na lembrança.
Então ele me abraça como uma criança que ganhou o melhor presente do mundo, me beija e diz que vai cuidar sempre de mim, eu paro por um momento querendo dizer que o pra sempre não existe, que ele cuidasse de mim agora, nunca aceitei essa história de pra sempre, isso é tão démodé, mas eu finjo que eu gosto pra fazer ele feliz e isso já é uma grande coisa, então ele me olha e eu sorrio para que ele continue a amar essa menina cansada de falsas promessas e das paixões inseguras que passam por sua vida.
Ana Paula Pontes