AUTO DE PRECIPÍCIO Já não sei viver... Naty Parreiras
AUTO DE PRECIPÍCIO
Já não sei viver
Sem tua sombra
A recortar-me
Por entre pares de olhos
Meus ouvidos.
E eu te ouço
Curto e estancado
Na letra mínima da canção
Repelida
Pela ausência fria
ou em vastos sentidos.
Eu sei te ouvir
Dormindo
Por entre o sono embaçado
E o despertar irredutível.
Espanta-me a dor em teus olhos
Como quem engole o céu
Por entre lagos e precipícios.
Em pensar que a poesia
Repousa o viço
Tal a sombra de uma árvore
Recompõe o suor dos legítimos.
Justo?
Não.
O amor é um abismo.