Dezessete Enquanto o tempo zomba da... Bianca Dalla Chiesa

Dezessete

Enquanto o tempo zomba da minha saudade,
eu me deleito em desejos intensos, sedentos, ávidos, incompreendidos...
Que vontade de te beijar,
de sentir teu corpo numa brisa leve.
Ando pela metade,
buscando incessantemente em cada acorde, em cada melodia
aquela tarde de sol a pino,
onde por alguns segundos
tornamo-nos um só.
A música soava rente a nossa pele,
e eu só queria que o tempo parasse naquele instante
pra eu poder te guardar nos meus versos
e te buscar a todo instante.
É impossível que teu cheiro
não permaneça estampado em mim,
que teus verdes olhos não ofusquem
tudo o que eu não queria sentir,
mas sinto.
A luta diária para que tu
não invadas terminantemente os meus sentidos,
enjaula todo o meu ser
que grita obcecadamente,
por um dia que não volta.
Depois daquela tarde
nada mais ficou no lugar.
Os teus segredos que tanto eu temia
já não me tem importância,
nessa atual e relevante vida.
Inevitavelmente prendo-me em oração
para que de alguma forma meu corpo,
não se perca de ti...