Execução Queria mastigar meu ventre... Naty Parreiras
Execução
Queria mastigar meu ventre
Coibi-lo de gerar (e gerir)
O metabolismo de meus vocábulos
Queria arrastá-los desfigurados
Em praça pudica
Pública
Alastrados
Devastados
No cumprimento de minha tão solene e solícita pena
Em plena agonia que ojeriza minha cria extrema
E minha quarentena!
Queria esganar-te e não escrever-te um poema!
Queria entranhar-te o corpo estranho
Que irriga - que irrita – o teu olho castanho!
Mas é de fato uma pena
A pena verteu-se em meu lema
Há pena não mais que eu a tema
Apenas não mais que poemas!