S.O.L. (Sob olhares lunares) Olha o céu... Naty Parreiras
S.O.L. (Sob olhares lunares)
Olha o céu esparramando
Espremendo suas esparrelas escuras
Olha a margem preto vívido
Lambendo crua a noite, pela rua
Esquecido no retiro
No retiro ínfimo
de suas agruras.
Olha a cor azedo-pastel do dilúvio
Ergue teu cenho célebre, teu murmúrio
E cala o efeito drástico
Do teu sopro de plástico
Sem ácido sem orgulho.
Olha o céu caminhando
Tracejando os vértices de sua desgraça
Olha o palco do punho
Apedrejando o cunho, romântico
Azul estanho de cachaça.
Olha a cena sábia embriagada do teu vício
Aponta o dedo, estupefato
Aponta o dedo pra janela
Esquece, escapa, Cinderela
Pois de tuas esparrelas
Fartou-se outro sapo.