Jazz – o poema que jaz Tá ficando... Naty Parreiras
Jazz – o poema que jaz
Tá ficando distante aquela seqüela dos teus olhos... É tudo uma questão de tempo pra sumir... O que mais dói aqui é ver que você tá deixando mingüar, que essa é a tua maior pretensão.
Toda noite uma luta pra inspirar e expirar você... Pra sentir um alívio... Aquele arzinho no pulmão, aquele de antes, de antes “da gente”.
Não que eu tire sua razão, seus argumentos são genuínos – ainda que um tanto ingênuos – “como assim argumentos, Poeta? Nada tens além de silêncio, e dos convictos...” - pera... Então me deixa reformular... – Posso teorizar acerca de teus motivos ... Pronto! Um tanto melhor! Continuando: mas tantas teorias pouco me servem nessa PRÁTICA TORTUOSA DE VERSOS SENIS!
Taí meu “resumé”, minha biografia esdrúxula e compactada... Uns tantos versos e pensei que era poeta... E isso serve pra você: uns tantos poemas e pensou que fosse amor?! Imagina! Logo eu que consigo manipular os vocábulos, pressenti-los? Sinto em informar-te de minha falácia, de meus vis movimentos, de todos que foram friamente calculados, bem como meus beijos, desejo e todo o resto!
Descarta minha espontaneidade; ela inexiste, assim como minha doçura e ingenuidade... Faz-me rir a tua, Tolinho! Recolhe essa massagem no ego à tua prepotência burra. Desacredite-me – esqueça-me – arrependa-se – certifique-se do engano. Pois já era, de fato, como bem queria; aliás como nunca foi! Um conselho: fica sim bem longe de mim e de minha poesia mesquinha, de minha pele e efeitos, de meus truques dramáticos e desassociados de padecimento.
Pare-me de ler por aqui. Não insista teus olhos sob tais escolhas vocabulares desafortunadas e maniqueístas. Exorcisa-me – odeia-me – descarta-me – desola-me, mas não me leia... Sou capaz de convencer-te de meu amor e ainda mais: do teu que tanto inexiste, que tanto insiste em representar alegorias! Fecha este instrumento vil de minha (e tua) comoção, queima-o, assegura-te de que a mais ninguém chegará e enquanto há tempo, fuja...