ALÉM DE ESPERAR PELO AJEITAMENTO DO... Paulo Del Ribeiro

ALÉM DE ESPERAR PELO AJEITAMENTO DO DESTINO

Quando amor entrou em mim e cismou de amar como ele sempre ama, antes que eu pudesse sair, sem medo eu resolvi encarar e enfrentar de frente a dura a realidade. Com isso tive que tomar um bom gole daquela tempestade que acabava de chegar.

Tive que conter o vento pra que ele não soprasse tão forte dentro de mim e pra que não me levasse pelo lado contrário do caminho em que seguias.

Tive que erguer uma grande muralha envolta do meu destino pra que tu não pudesses fugir. Ilusão. É que o destino é forte, implacável demais pra ser cercado, dominado, e então ele todo poderoso foi derrubando tudo que eu ergui e construí com os meus sonhos, tentando me convencer que a ele ninguém prende ou domina, que ele apenas acontece e deixa-se ir leve e dono de si, nos levando pra onde desconhecemos e pra onde um dia talvez você pudesse estar.

Aprendi a ser forte pra ir com ele sem saber pra onde. Também aprendi que ser forte não é levantar peso, mas sim agüentar a alma cheia de grandes sentimentos que às vezes a vida nos nega. Que ser forte é agüentar firme, com dignidade, mesmo com lágrimas, o instante difícil, acreditando que a própria vida nos fará sorrir novamente.

No entanto, indo ainda mais além, eu deixei os meus ouvidos frágeis e atentos pra que em todo silêncio eu pudesse ouvir a sua voz me falando no fundo da minha alma, me pedindo pra que eu próprio não me maltratasse tanto por aquilo que não se tem a recíproca.

E então, alheio à sua voz que quase me implorava, foi quando sem ligar para a sua súplica, eu descobri que o amor se fez forte, forte demais dentro de mim a ponto de perceber que andar descalço por um caminho coberto de pedregulhos seria fácil demais.

Depois de tudo, quando o amor entrou e cismou de amar, senti que ele não conhece beleza e nem feiúra, não conhece a cor de cada um, não conhece tão pouco a idade ou qualquer outra coisa que poderiam ver como preconceito. Que ele simplesmente acontece sem nenhum discernimento. Que a vida não tem mesmo explicação, que ela não tem nenhuma medida e que nela está apenas contida a forte intenção de ser apenas vivida e ser vivida com toda intensidade, independente de qualquer força contrária que nos possa impedir de simplesmente ser feliz.

Depois de tudo ser capaz, fazer, ousar e querer, eu me rendi ao destino pra deixar tudo com o ajeitamento do tempo. Mas mesmo assim, alheio as vontades do destino, eu ergo os meus braços de homem, não com as forças dos músculos, mas com a força da alma, na esperança de acolher o seu corpo junto ao meu e dizer calmamente o quando eu te amo.

By Paulo Del Ribeiro
08/11/2013