NÃO DEVIAS Ao mexer em alguns livros... Guria da Poesia Gaúcha

NÃO DEVIAS

Ao mexer em alguns livros antigos na biblioteca,
Revi mais do que as traças que ali moravam, já
Que achei meus textos, ainda totalmente presos
E sonâmbulos ao nosso contexto, pois traziam a
Insônia, sem parcimônia, na história da memória
Triste do fim que existe em mim, do que vi depois
Que de nós dois partiste e sequer a dor repartiste.

E te confesso que ao reler senti doer, corroer, já
Que em mim segue triste o nosso fim, pois virou
Saudade o que foi de verdade e lembrança sem
Chance de herança sequer na esperança de tudo
O que vivenciamos e covardemente renunciamos,
Quando nossa união virou separação e corremos
Perigo, quando frontalmente nós viramos inimigos.

Eu sei que vais dizer que valeu, que durou o que
Tinha que durar, mas desculpe-me, pois não quis
E nem por merecer fiz, até porque até hoje quero
Entender por que na minha vida chegaste, se não
Era pra afetivo, efetivo ficar, por que terna paixão
Promoveste com tão belo e eterno ritual, se sabias
Que um dia terminaria, por que começaste afinal?

Juro que ainda não compreendo e saibas que me
Alimento das feridas que vou lambendo e que só
Assim, só, vou sobrevivendo, mas não querendo
Jamais, de forma alguma entender e aceitar que
Topaste igualmente nos prejudicar, já que ao me
Separar de ti quem mais amava perdi e perdeste
Quem mais te amaria e que muito mais pretendia!
Guria da Poesia Gaúcha